Corrosão Galvânica em Chapeletas de Escalada: Riscos, Prevenção e Segurança

22/05/2024 por Walker Gomes Figueiroa Artigos

A escalada e atividades verticais em geral dependem do uso de equipamentos confiáveis para garantir a segurança dos praticantes.
Fotos: Walker Gomes Figueiroa e arquivo Spelaion
 
As chapeletas, também conhecidas como "chapeletas de escalada" e os "parabolts", são elementos fundamentais para a ancoragem em vias de escalada esportiva e são instaladas em rochas para possibilitar a fixação das cordas. No entanto, é importante estar ciente dos riscos associados à corrosão galvânica nesses equipamentos, bem como das medidas de prevenção para garantir sua integridade e segurança.
O que é Corrosão Galvânica? A corrosão galvânica é um fenômeno eletroquímico que ocorre quando dois metais diferentes estão em contato direto ou indireto em um ambiente úmido ou salino. Esses metais formam um circuito elétrico e, na presença de eletrólitos (como a água do mar ou a umidade do ar), uma corrente elétrica flui entre eles, resultando na deterioração de um dos metais. Em outras palavras, um dos metais é corroído devido à reação eletroquímica causada pela presença do outro metal. 
 
 
Riscos da Corrosão Galvânica em Chapeletas: A corrosão galvânica em chapeletas pode levar a uma redução significativa da resistência mecânica do equipamento, comprometendo sua capacidade de suportar cargas e aumentando o risco de falha catastrófica. A corrosão progressiva pode enfraquecer a estrutura da chapeleta e, em casos extremos, levar à quebra do equipamento, colocando em perigo a segurança dos escaladores.
Fatores que contribuem para a Corrosão Galvânica: Diferentes metais utilizados em chapeletas e suas ancoragens (como aço inoxidável, alumínio, entre outros) podem formar pares galvânicos quando em contato direto. Além disso, fatores ambientais, como a presença de eletrólitos, umidade, salinidade e poluição atmosférica, aceleram o processo de corrosão. A intensidade da corrosão galvânica depende da diferença de potencial entre os metais e da área relativa de contato entre eles.
Prevenção e Segurança: Para garantir a segurança dos escaladores e prolongar a vida útil das chapeletas, são necessárias medidas preventivas adequadas:
1. Seleção de Materiais: Optar por chapeletas e ancoragens fabricadas com materiais compatíveis e que minimizem o potencial de corrosão galvânica. O aço inoxidável é amplamente utilizado por sua resistência à corrosão, mas ainda é importante escolher aço inoxidável adequado para o ambiente específico em que as chapeletas serão instaladas. Já que existem muitos tipos de aço inoxidável e nem todos são recomendados. Por exemplo o aço inoxidável 304, não é recomendável pela UIAA que seja utilizado em ambientes externos.
 
 
2. Inspeções Regulares: Realizar inspeções regulares das chapeletas em busca de sinais de corrosão ou danos. Caso seja identificada corrosão, o equipamento deve ser substituído imediatamente.
3. Limpeza e Manutenção: Realizar limpeza e manutenção adequadas das chapeletas e ancoragens para remover sujeira, sal e outros contaminantes que podem acelerar o processo de corrosão.
4. Evitar o Uso de Metais Diferentes em Contato: Evitar o uso de metais diferentes em contato direto, quando possível, para reduzir o potencial de corrosão galvânica.
5. Monitoramento das Condições Ambientais: Estar ciente das condições ambientais em que as chapeletas estão instaladas, como a proximidade do mar ou a exposição prolongada à umidade, para tomar medidas preventivas apropriadas.
6. Substituição Periódica: Quando possível e necessário pela análise de risco, estabelecer um programa de substituição periódica das chapeletas, mesmo que não haja sinais visíveis de corrosão, para garantir a segurança contínua dos escaladores.
 
Conclusão: A corrosão galvânica é um fator de risco significativo para chapeletas e ancoragens de escalada. Compreender os perigos associados a esse fenômeno e adotar medidas preventivas adequadas é essencial para garantir a segurança dos escaladores e prolongar a vida útil dos equipamentos. A manutenção regular, a escolha de materiais adequados e o monitoramento das condições ambientais são fundamentais para minimizar os efeitos da corrosão galvânica, tornando a escalada uma atividade mais segura e confiável para todos os praticantes.




Sobre o autor: Walker Gomes Figueiroa


Walker Gomes Figueiroa

Representante exclusivo da Petzl no Brasil, uma das mais importantes marcas de equipamentos de iluminação, verticalidade e resgate do mundo. Atua na área da verticalidade desde 1995 e é instrutor de cursos esportivos e profissionais conceituados mundialmente.