Canyoning no PETAR

01/12/2009 por Beroaldo (Berô) Artigos

A aventura começa no acesso a Cachoeira das Arapongas, pega-se uma trilha que vai margeando o rio Passa Vinte ate o topo da Cachoeira das Arapongas, uma bela cachoeira de aproximadamente 70 metros.

Uma equipe de holandeses e brasileiros resolveu efetuar uma aventura de canyoning descendo pelo rio Passa Vinte, um afluente do rio Betari e chegar no núcleo Santana. O grupo conhecia parcialmente o caminho, entretanto ninguém do grupo jamais tinha feito o caminho completo. O inicio e o final do caminho era conhecido, mas a parte central do percurso era desconhecida. Ninguém conhecia o trajeto entre a cachoeira das Arapongas e o topo das Andorinhas, quantas cachoeiras e de que tamanho elas seriam. Qual seria o grau de dificuldade para vencer esses obstáculos? A aventura começa no acesso a Cachoeira das Arapongas, pega-se uma trilha que vai margeando o rio Passa Vinte ate o topo da Cachoeira das Arapongas, uma bela cachoeira de aproximadamente 70 metros. Embora exista uma trilha que nos leva ate a base da cachoeira o grupo preferiu fazer o que mais gosta. Descer usando técnicas de rapel. 

 

O rio Passa vinte 

O rio Passa Vinte ganhou esse nome devido a possuir um local próximo ao riacho onde tropeiros do século 19 costumavam pernoitar no caminho entre Apiaí e Iporanga. Conta-se que nesse lugar era possível abrigar ou “passar” vinte pessoas durante a noite. O riacho com o passar dos anos ganhou o nome de Passa Vinte. Ele corre paralelo a estrada Apiaí – Iporanga próximo ao mirante Boa Vista.

 

 

 

Após o rapel a aventura é seguir o rio abaixo e procurar chegar ate o topo da Cachoeira das Andorinhas. Após esse ponto não existe mais trilhas, o grupo tem que ir procurando o melhor acesso. Às vezes o melhor caminho esta pelo leito do rio, às vezes pela sua margem, tudo é decidido na hora pela equipe. Durante o caminho encontramos várias pequenas e belas cachoeiras com menos de 10 metros de altura. Seguimos o rio no seu caminho de descida ladeado por morros muito íngremes e uma floresta densa ate o encontro com o outro rio na base do Morro do Vulcão. 

Chegando ao encontro dos rios, verificamos que o rio Passa Vinte tem um volume de aproximadamente a metade do volume do outro rio, não subimos esse rio para verificar a existência de novas cachoeiras, que certamente deve existir. 
A base do Morro do Vulcão possui várias pequenas aberturas na base da rocha calcária que podem dar acesso a cavernas. Foi dada uma olhada superficial em algumas dessas entradas, e aparentemente não tinham prosseguimento. Vale salientar que o maciço calcário é grande e deve ter um grande potencial espeleológico, vale a pena uma olhada mais cuidadosa no futuro. O objetivo do grupo era fazer o canyoning e não espeleologia, portanto fomos em frente. Ninguém do grupo conhecia os obstáculos pela frente, não tínhamos a menor idéia se teríamos mais cachoeiras para superar ou qual seria o tipo de obstáculos iríamos encontrar, não sabíamos quanto tempo levaríamos ate o topo da cachoeira das Andorinhas. Esses foram os principais motivos que levou a equipe seguiu com seu objetivo maior que era efetuar a descida do rio Passa Vinte ate o rio Betari e abandonar a exploração espeleológica. 
Após o encontro dos rios o volume de água passa a ser considerável, as paredes do cânion passam a ficar mais próximas, o que requer algum cuidado com possíveis enxurradas. O grande alívio é que existem diversos pontos de escape montanha acima onde é possível esperar o rio baixar. O caminho do encontro dos rios até o topo da cachoeira das Andorinhas possui aproximadamente a mesma duração do que o trecho do rio Passa Vinte, só que o desnível do Passa Vinte é bem maior. O trecho do Passa Vinte possui várias cachoeiras enquanto o trecho após o encontro possui várias corredeiras com um volume considerável. 
 
 
Chegando ao topo da cachoeira das Andorinhas, a visão é espetacular. Ela possui uma rocha onde você pode observar a queda do rio no poço da cachoeira ... Após a descida retornamos pela trilha do Betari ate o Núcleo Santana onde a condução nos esperava para retornar para a pousada. 
 
 
 
 
 
 

 

A cachoeira das Andorinhas 

Veja abaixo a descrição de Walker Figueirôa, o líder da equipe, como foram vencidas as duas principais cachoeiras do rio Passa Vinte no PETAR. “Para vencer a cachoeira das Arapongas utilizamos a técnica do rapel guiado, evitando assim o atrito existente entre a corda e a pedra. Já na cachoeira das Andorinhas, tínhamos uma dificuldade muito maior. O poço da cachoeira de 40 metros possui uma movimentação aquática muito forte logo após onde se chega pelo rapel. Nesse ponto podíamos observar, fortes correntezas, setas d´águas, refluxos e redemoinhos. Sendo assim, a opção escolhida foi a utilização do rapel guiado, o que manteria toda equipe em segurança. O grande desafio é o primeiro que desce para montar esse sistema, esse teve que rapelar embaixo do grande volume de água da cachoeira e chegar diretamente nos movimentos aquáticos do poço. Com a utilização das técnicas de natação de águas bravas e a compreensão da hidrologia local, foi possível atravessar o poço dessa cachoeira, chegando até o outro lado, onde foi colocada uma ancoragem artificial para esticar o rapel guiado, garantindo a descida tranqüila do resto do grupo. Foi com certeza a parte mais técnica e emocionante de toda a expedição.” 

 

A técnica do canyoning 

A técnica mais usada no canyoning é o rapel guiado. O rapel guiado é uma técnica onde se estica uma tirolesa do topo da cachoeira ate um lugar seguro abaixo da mesma. O canyonista faz o rapel por outra corda, preso a essa tirolesa, que direciona seu rapel para um lugar seguro. O rapel guiado alem de evitar o atrito da corda com as pedras também afasta quem esta descendo do grande volume de água da cachoeira. O grande desafio do canyoning fica para o primeiro que desce a cachoeira. Ele tem que montar esse sistema de descida para os demais membros da equipe. Ele necessita descer por dentro ou pelo lado da cachoeira e montar o sistema de forma segura. Ele precisa enfrentar condições muito mais adversas que os demais. Quando a base da cachoeira fica em um poço as condições podem ficar ainda mais complexas. O primeiro pode necessitar descer diretamente no poço formado na base da cachoeira, enfrentar os movimentos aquáticos preso a corda e carregando equipamentos. Chegando a água ele vai precisar ter a compreensão da hidrologia local e utilizar técnicas de natação de águas bravas. Os desafios comuns da água na base de uma cachoeira com poço são: fortes correntezas, setas d´águas, refluxos e redemoinhos. Dependendo do volume e da altura da cachoeira também devem ser consideradas as partículas d’água em suspensão sob pressão que dificulta a respiração, e a força da água devido à queda. Uma vez superado os desafios ele precisa ter conhecimento de onde e como montar o sistema de descida. Ele vai precisar escolher se vai usar ancoragens naturais ou artificial alem do trabalho de montar tudo isso sozinho. Uma vez montado o sistema a descida para os demais membros da equipe normalmente é bem tranqüila.

O morro do Vulcão 

O Morro do Vulcão é facilmente identificado do mirante Boa Vista, é aquela montanha que se vê ao fundo com dois topos. Embora seja conhecida como morro do Vulcão não se trata de um vulcão, apenas seu formato lembra um. O Morro do Vulcão é uma enorme montanha com predominância de rocha calcária ela divide as bacias hidrográficas do Passa Vinte e do Betarizinho. A bacia do Passa Vinte termina na cachoeira das Andorinhas. A bacia do Betarizinho fica por traz do Morro do Vulcão para quem esta olhando do mirante. Ela termina na cachoeira do Beija-flor também conhecida como cachoeira do Betarizinho.