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No Gurutuba foram encontradas 18 cachoeiras de rara beleza e de alturas que variam de 3 a 60 m, inumeráveis piscinas naturais e, pela primeira vez no Brasil, a ocorrência de espeleotemas em um cânion. Dessa realidade decorreu o interesse pelo estudo da
O Cânion do Gurutuba está localizado no Munícipio de Apiaí (SP), em uma das regiões mais pobres do país. Este poderá vir a constituir–se em um importante atrativo turístico regional visto que ainda não foi descoberto. Esse cânion é de muito difícil exploração, devido ao alto nível técnico exigido para penetrar em seu interior.
A população e órgãos competentes ainda não têm conhecimento de todo o seu potencial, pois até 2000 seu interior permanecia impenetrável, quando, pela primeira vez, uma equipe ousou explorar o seu interior. Foram necessárias três expedições de um final de semana cada, para conseguir explorar, equipar e mapear este cânion.
No Gurutuba foram encontradas 18 cachoeiras de rara beleza e de alturas que variam de 3 a 60 m, inumeráveis piscinas naturais e, pela primeira vez no Brasil, a ocorrência de espeleotemas em um cânion. Dessa realidade decorreu o interesse pelo estudo da área.
A principal fonte de renda da região, atualmente é o turismo; o qual vem mudando a realidade financeira de muitas famílias. Sendo assim, essa descoberta teria uma grande importância, se não fosse seu alto grau de poluição. Infelizmente, nos dias atuais, no Rio Gurutuba são jogados 65% de esgoto, sem tratamento, da cidade de Apiaí, o que causou a contaminação a um dos exploradores do cânion por protozoários durante uma das expedições. Essa poluição está a inviabilizar o desenvolvimento turístico deste cânion.
O objetivo principal do presente estudo é explicar a gênese do cânion do Gurutuba e realizar um mapeamento com fins de efetuar uma avaliação do potencial de exploração turística do mesmo, na perspectiva sustentável.
Materiais: Cordas, Cadeirinha, Mosquetões, Longe duplo, Ascensores, Descensor oito, Estribo, Capacete, Calçados, Roupa de neoprene, Mochilas, Spits, Martelo, Batedor, Chapeletas, GPS, Altímetro, Máquina fotográfica cânon modelo as1.
Do ponto de vista metodológico para a materialização dos objetivos do presente projeto, tornou - se necessário, recorrer – se a seguintes técnicas: pesquisa bibliográfica em fontes convencionais e não convencionais como subsídio para a fundamentação teórica e definição metodológica da pesquisa; em se tratando de um trabalho de natureza teórico – prática os dados da realidade foram levantados através de trabalho de campo e os seus resultados mapeados em uma carta base na escala 1.10 000, dada o grau de detalhe (taxonomia) do fenômeno mapeado, com a utilização de técnicas digitais;
O levantamento do interesse da população e das autoridades locais em relação à exploração planejada e sustentada, do referido atrativo foi feito através de questionários. No município de Apiaí aplicados 33 questionários com sete perguntas cada. Os participantes foram selecionados de forma aleatória simples. Através dos questionários foram levantados os dados de interesse da população de Apiaí. A aplicação do questionário se deu durante 2 dias integrais. As respostas foram dadas em função da disponibilidade das pessoas.
A região onde se insere o Cânion do Gurutuba se caracteriza por apresentar elevações de topos convexos, vales profundos e grande densidade de canais de drenagem, isto é facilmente constatado em visita à região. Está em uma zona onde ocorrem grande deslizamentos. Devido a esta realidade local, resultou um ambiente de difícil acesso e predominantemente vertical. Realizar um mapeamento em um ambiente vertical e com muita água, como o Cânion do Gurutuba, não é tarefa fácil, mas foi possível efetuar dentro dos objetivos esperados e com grau de detalhamento mais que suficiente. O Cânion do Gurutuba, foi formado em função da dissolução química sofrida pelo ácido carbônico (combinação da água das chuvas com gás carbônico de detritos orgânicos e respirações de animais e microorganismos), diretamente na sua estrutura calcária. O estudo da gênese levou a uma comparação as suas condições, com outras semelhantes. Na região de Aparados da Serra, sul do país, exitem cânions que são extremamente extensos, alguns atingindo mais de 18 km (REIS, 2002), esses cânions na sua maioria compostos por basalto atingem pardedes de até 600 metros de altura, ou na região da Chapada dos Veadeiros que predomina o quartizito, que forma cânions com formas e dificuldades bem diferentes, mas nenhum deles possui a verticalidade e obstáculos aquáticos encontrado no Gurutuba. Para o desenvolvimento turístico houve comparações com o Parque Nacional do Itaimbézinho, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Parque Nacional da Chapada da Diamantina, Caverna de Santana e Caverna do Diabo, estes parques e cavernas trabalham com o
desenvolvimento turístico em terrenos de difícil locomoção. Pode - se avaliar que, é possível desenvolver um ecoturismo sustentável nessa região de forma adequada e segura aos turistas. Como no caso do Parque Nacional de Itambézinho, também há possibilidade de efetuar passeios, para turistas não tão aventureiros, passeando apenas pelas bordas do Cânion do Gurutuba e admirando as cachoeiras e paredes de seu interior. Observando os cuidados e adaptações feitas nas cavernas preparadas ao turismo, concluiu-se que os mapas da planta e do perfil do cânion gerados são suficientes para posicionar um canionista em uma atividade desportiva, as ancoragens devidamente colocadas e posicionadas, devem ser trocadas constantemente devido aos desgastes sofridos pela ação do tempo. Seguindo os exemplos do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, a prática do canionismo deve estar proibida em épocas de chuva na região, ou seja, de outubro a março, dado o caráter tropical do clima local, pois existe grande risco de enchentes inesperadas dentro dos cânions. Também em relação à gênese foi efetuado um estudo profundo em química, objetivando entender a morfologia dos espeleotemas encontrados e compreender sua existência no local. Compreendeu-se que, todo relevo que possui rocha
calcária e ação da água sobre si mesma, pode sofrer dissolução química e precipitações, que são os componentes básicos para a formação de espelotemas. Estas formações não são comuns em cânions devido aos mesmos não possuirem tetos como as cavernas, porém no caso do Gurutuba, a escavação lateral da água nas paredes deste cânion de calcário, propiciou a formação de tetos e abrigos em mais de uma parte do cânion, possibilitando assim a formação de espeleotemas.
A avaliação turística foi feita através de uma análise de sua riqueza natural e estrutura do município para receber o turista, também foram feitas observações em pontos turísticos próximos ao Cânion do Gurutuba, como O Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira, Iporanga, SP e o Parque Estadual de Jacupiranga, Eldorado SP, ambos localizados no Vale do Ribeira. O cânion do Gurutuba, não esta dentro dos limites de nenhum parque, mas mesmo assim esta em área protegida. A semelhança entre os três locais é que juntos e por se localizarem próximos, formam um complexo grande e diversificado para o ecoturismo, podendo aumentar a fonte de renda em toda a região. Pelo fato de já existirem outros pontos turísticos próximos ao Gurutuba, o Município de Apiaí e sua região possui estrutura para o ecoturismo e uma conscientização ambiental e turística adequada do mesmo na cabeça da população local. Prova disto é o questionário que foi aplicado no Município de Apiaí, que resulta em 100% dos amostrados consideram o turismo como atividade econômica alternativa para o seu município, 52% vêem a valorização turística como vantagem sócio-econômica para a
região, 100% dizem que é de seu interesse o desenvolvimento turístico do Vale do Gurutuba, 100% vêem melhores oportunidades econômicas para o município com a transformação do Gurutuba em um atrativo turístico. Esses dados foram de extrema importância e valor, principalmente sabendo que na sua maioria vieram de pessoas com posição social elevada, segundo o questionário a maior parte dos amostrados tinha o 2º e 3 º graus completos, embora as respostas destes coincidiam com a das pessoas de classe social menor, ou seja, é de interesse e importância para a população em geral, independente da classe social.
Para atender outro objetivo da pesquisa, fez-se necessário um estudo cartográfico e também a confecção de mapas de diferentes detalhes técnicos que possibilitassem a exploração e entendimento do relevo.
Coordenadas: (UTM) N 7.282500 E 719.600 (Geodésica) 24 33`03,1``S 48 49`55,3``W
Cotação: (I - III /C - 4 X)
Desnível: 290 metros
Altitude: 760 metros
Projeção Horizontal: 590 metros
Litologia: Calcário
Equipamentos: Spits, chapeletas de aço e fitas tubulares
Planificação horária:
- Marcha de aproximação – 10 minutos
- Canionismo – 8 horas
- Marcha de saída 1 hora e 30 minutos
Histórico:
- Início da conquista – 30/04/2001
- Término da conquista – outubro de 2001
Mapeamento – 10/10/2002
Equipe de conquista: Walker Figueirôa, Valdecir, Rodrigo Freitas, Everton Moreira e Tiagio Ribeiro.
Equipe de mapeamento: Walker Figueirôa, Théo bertoni, Djalma Droghetti.
Desenho final: Priscila de Carvalho
RODRIGUES, R. M. Guia Ecológico Brasil, Bonito – MS. Brasil. [S.l.:s.n]. 1999; SOUZA, Daniel. Venda de equipamentos no Brasil. São Paulo. 2002. (Declaração verbal); SCALEANTE, José Antonio Basso. Poluição do Rio Gurutuba. Iporanga. 2004. (Declaração verbal); SBE. Cadastro de Cavidades Naturais. Monte Sião. [S.l.:s.n]. 1999; PEREIRA, J.C.R. Análise de Dados Qualitativos: Estratégias Metodológicas para as Ciências da Saúde, Humanas e Sociais. São Paulo: EDUSP-FAPESP, 1999; MARCONI, Marina de
Andrade. Técnicas de pesquisa. São Paulo. Atlas, 1990; REIS, Neiton. Cânions Gaúchos. Porto Alegre:[s.n] 2002. (Declaração verbal).
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