Avaliação das conseqüências da atividade turística em Iporanga, Vale do Ribeira – SP

06/08/2004 por Walker Gomes Figueiroa Artigos

Região cercada pela exuberante Mata Atlântica, abriga o PETAR - Parque Estadual Turístico do Alto do Vale do Ribeira. Sua riqueza natural desenvolveu o turismo, que gerou crescimento na região, mas também diversos pontos negativos.

O município de Iporanga localizado no sul do estado de São Paulo, Vale do Ribeira possui 4.562 habitantes. Essa cidade é cercada por uma exuberante Mata Atlântica e por uma região com inúmeras cavernas calcárias, rios e cachoeiras.

Devido sua riqueza natural em 1940, durante o governo de Jânio Quadros, criou-se o PETAR - Parque Estadual Turístico do Alto do Vale do Ribeira, que foi o primeiro parque a ser criado no país com o objetivo principal de proteção das cavernas.

Essa região se constitui numa das mais pobres do país e a mais pobre dentro do estado de São Paulo, devido a sua localização em uma área "isolada" e com grande falta de empregos e educação de 2º e 3º graus. Como maneira de subsistência, seus moradores caçavam e pescavam para se alimentarem e até mesmo comercializavam animais. Havia também a extração de palmito conhecido na região como "Ouro Branco". No entanto, a prática da caça e pesca, bem como a extração de palmito eram ilegais com pena de prisão inafiançável. Essa foi uma das regiões do país na qual os portugueses mais extraíram ouro, porém é claro, a população posterior não pode fazer uso desta riqueza que anteriormente possuía sua terra.

Com a criação do PETAR, os moradores locais começaram a observar a circulação de turistas e espeleólogos que passaram a freqüentar o local em busca de conhecer e estudar as cavernas que ali existem. Entre esses visitantes destacou-se a presença do francês Michel Lebret que participou da maioria das explorações da época.

Como o local não oferecia infra-estrutura para seus visitantes, estes dormiam e comiam dentro das casas dos próprios moradores locais. A partir dessa necessidade dos viajantes, os Iporangueiros enxergaram este fato como uma oportunidade de fonte de renda e começaram a colocar mais camas em suas casas e oferecer uma mesa maior. Com o passar dos anos e com o aumento do fluxo turístico os pequenos celeiros e casas que serviam como meios de hospedagem se transformaram em hotéis, restaurantes e bares. A população começou a ter esperança numa outra fonte de renda, o turismo.

Ainda, quase todos os visitantes precisavam de um morador que os conduzissem até uma caverna ou cachoeira, surgindo então uma nova oportunidade de empregos, os guias. Com a experiência, alguns desses guias, sabiam até explicar cientificamente a formação das cavernas. A diretoria do parque incentivava esse tipo de trabalho, já que com uma nova oportunidade de emprego, as atividades ilegais antes praticadas pelos moradores estavam sendo deixadas de lado. O parque passou a ter seus próprios guias e a organizar cursos para a formação de monitores ambientais.

No entanto com esse desenvolvimento existiram também impactos negativos. Hoje, seus moradores têm portões em suas casa e têm a preocupação em não deixar seus filhos se envolverem com drogas ou com qualquer outro problema que possa ser trazido pelos moradores das grandes cidades. As suas estradas não estavam preparadas para receber um número grande de automóveis fazendo com que as estatísticas de acidentes nas estradas até Iporanga aumentassem. Além disso, os moradores que antes mantinham um círculo de amizade, agora se enxergam entre si como concorrentes. Concluindo, Iporanga cresceu, aumento sua fonte de empregos, melhorou seu âmbito financeiro, porém junto com essas melhorias vieram o uso de drogas, aumentaram os índices de acidentes e a violência começou a aparecer. Sendo assim, algo deve ser feito para que os aspectos negativos não superem os índices de desenvolvimento.





Sobre o autor: Walker Gomes Figueiroa


Walker Gomes Figueiroa

Representante exclusivo da Petzl no Brasil, uma das mais importantes marcas de equipamentos de iluminação, verticalidade e resgate do mundo. Atua na área da verticalidade desde 1995 e é instrutor de cursos esportivos e profissionais conceituados mundialmente.